O Espiritista - Espiritismo de Kardec

DESOBSESSÃO

DESOBSESSÃO

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA

DITADO PELO ESPÍRITO ANDRÉ LLUIZ

(15) 

Série André Luiz

1 - Nosso Lar

2 - Os Mensageiros

3 - Missionários da Luz

4 - Obreiros da Vida Eterna

5 - No Mundo Maior

6 - Agenda Cristã

7 - Libertação

8 - Entre a Terra e o Céu

9 - Nos Domínios da Mediunidade

10 - Ação e Reação

11 - Evolução em Dois Mundos

12 - Mecanismos da Mediunidade

13 - Conduta Espírita

14 - Sexo e Destino

15 - Desobsessão

16 - E a Vida Continua...

ÍNDICE

UM LIVRO DIFERENTE

DESOBSESSÃO

CAPITULO 1 = PREPARO PARA A REUNIÃO: DESPERTAR

CAPITULO 2 = PREPARO PARA A REUNIÃO: ALIMENTAÇÃO

CAPITULO 3 = PREPARO PARA A REUNIÃO: REPOUSO FÍSICO E MENTAL

CAPITULO 4 = PREPARO PARA A REUNIÃO: PRECE E MEDITAÇÃO

CAPITULO 5 = SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CHUVA

CAPITULO 6 = SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: VISITAS

CAPITULO 7 = SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CONTRATEMPOS

CAPITULO 8 = IMPEDIMENTO NATURAL

CAPITULO 9 = TEMPLO ESPÍRITA

CAPITULO 10 = RECINTO DAS REUNIÕES

CAPITULO 11 = CHEGADA DOS COMPANHEIROS

CAPITULO 12 = CONVERSAÇÃO ANTERIOR Á REUNIÃO

CAPITULO 13 = DIRIGENTE

CAPITULO 14 = PONTUALIDADE

CAPITULO 15 = MOBILIÁRIO PARA OS TRABALHOS

CAPITULO 16 = CADEIRAS

CAPITULO 17 = ILUMINAÇÃO

CAPITULO 18 = ISOLAMENTO HOSPITALAR

CAPITULO 19 = APARELHOS ELÉTRICOS

CAPITULO 20 = COMPONENTES DA REUNIÃO

CAPITULO 21 = VISITANTES

CAPITULO 22 = AUSÊNCIA JUSTIFICADA

CAPITULO 23 = CHEGADA INESPERADA DE DOENTE

CAPITULO 24 = MÉDIUNS ESCLARECEDORES

CAPITULO 25 = EQUIPE MEDIÚNICA: PSICOFÔNICOS

CAPITULO 26 = EQUIPE MEDIÚNICA: PASSISTAS

CAPITULO 27 = LIVROS PARA LEITURA

CAPITULO 28 = LEITURA PREPARATÓRIA

CAPITULO 29 = PRECE INICIAL

CAPITULO 30 = MANIFESTAÇÃO INICIAL DO MENTOR

CAPITULO 31 = CONSULTAS AO MENTOR

CAPITULO 32 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (1)

CAPITULO 33 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (2)

CAPITULO 34 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (3)

CAPITULO 35 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (4)

CAPITULO 36 = MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (5)

CAPITULO 37 = ESCLARECIMENTO

CAPITULO 38 = COOPERAÇÃO MENTAL

CAPITULO 39 = MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS (1)

CAPITULO 40 = MANIFESTAÇÕES SIMULTÂNEAS (2)

CAPITULO 41 = INTERFERÊNCIA DO BENFEITOR

CAPITULO 42 = ATITUDE DOS MÉDIUNS (1)

CAPITULO 43 = ATITUDE DOS MÉDIUNS (2)

CAPITULO 44 = MAL-ESTAR IMPREVISTO DO MÉDIUM

CAPITULO 45 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (1)

CAPITULO 46 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (2)

CAPITULO 47 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (3)

CAPITULO 48 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (4)

CAPITULO 49 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA (5)

CAPITULO 50 = INTERFERÊNCIA DE ENFERMO ESPIRITUAL

CAPITULO 51 = RADIAÇÕES

CAPITULO 52 = PASSES

CAPITULO 53 = IMPREVISTOS

CAPITULO 54 = MANIFESTAÇÃO FINAL DO MENTOR

CAPITULO 55 = GRAVAÇÃO DA MENSAGEM

CAPITULO 56 = PRECE FINAL

CAPITULO 57 = ENCERRAMENTO

CAPITULO 58 = CONVERSAÇÃO POSTERIOR Á REUNIÃO

CAPITULO 59 = REOUVINDO A MENSAGEM

CAPITULO 60 = ESTUDO CONSTRUTIVO DAS PASSIVIDADES

CAPITULO 61 = SAÍDA DOS COMPANHEIROS

CAPITULO 62 = COMENTÁRIOS DOMÉSTICOS

CAPITULO 63 = ASSIDUIDADE

CAPITULO 64 = BENEFÍCIOS DA DESOBSESSÃO

CAPITULO 65 = REUNIÓES DE MÉDIUNS ESCLARECEDORES

CAPITULO 66 = REUNIÕES DE ESTUDOS MEDIÚNICOS

CAPITULO 67 = REUNIÕES MEDIÚNICAS ESPECIAIS

CAPITULO 68 = VISITA A ENFERMO

CAPITULO 69 = VISITA A HOSPITAL

CAPITULO 70 = CULTO DO EVANGELHO NO LAR

CAPITULO 71 = CULTO DA ASSISTÊNCIA

CAPITULO 72 = ESTUDOS EXTRAS

CAPITULO 73 = FORMAÇÃO DE OUTRAS EQUIPES

UM LIVRO DIFERENTE 

          “E perguntou-lhe Jesus, dizendo: “Qual é o teu nome?” E ele disse: “Legião”, porque tinham entrado nele muitos demônios.” — LUCAS, versículo 8, capítulo 30.

       Atendendo ao trabalho da desobsessão nos arredores de Gádara, vemos Jesus a conversar fraternalmente com o obsesso que lhe era apresentado, ao mesmo tempo que se fazia ouvido pelos desencarnados infelizes.

       Importante verificar que ante a interrogativa do Mestre, a perguntar-lhe o nome, o médium, consciente da pressão que sofria por parte das Inteligências conturbadas e errantes, informa chamar-se “Legião”, e o evangelista acrescenta que o obsidiado assim procedia “porque tinham entrado nele muitos demónios”.

        Sabemos hoje com Allan Kardec, conforme palavras textuais do Codificador da Doutrina Espírita, no item 6 do capítulo 12º, “Amai os vossos inimigos”, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que “esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais”.

No episódio, observamos o Cristo entendendo-se, de maneira simultânea, com o médium e com as entidades comunicantes, na benemérita empresa do esclarecimento coletivo, ensinando-nos que a desobsessão não é caça a fenômeno e sim trabalho paciente do amor conjugado ao conhecimento e do raciocínio associado à fé.

Seja no caso de mera influenciação ou nas ocorrências da possessão profunda, a mente medianímica permanece jugulada por pensamentos estranhos a ela mesma, em processos de hipnose de que apenas gradatizamente se livrará. Daí ressalta o imperativo de se vulgarizar a assistência sistemática aos desencarnados prisioneiros da insatisfação ou da angústia, por intermédio das equipes de companheiros consagrados aos serviços dessa ordem que, aliás, demandam paciência e com preensão análogas às que caracterizam os enfermeiros dedicados ao socorro dos irmãos segregados nos meandros da psicose, portas a dentro dos estabelecimentos de cura mental.

Sentindo de perto semelhante necessidade, o nosso amigo André Luiz organizou este livro diferente de quantos lhe constituem a coleção de estudioso dos temas da alma, no intuito de arregimentar novos grupos de seareiros do bem que se pro ponham reajustar os que se vêem arredados da realidade fora do campo físico. Nada mais oportuno e mais justo, de vez que, se a ignorância reclama o devotamento de professores na escola e a psico patologia espera pela abnegação dos médicos que usam a palavra equilibrante nos gabinetes de análise psicológica, a alienação mental dos Espíritos desencarnados 

exige o concurso fraterno de corações amigos, com bastante entendimento e bastante amor para auxiliar nos templos espíritas, atualmente dedicados à recuperação do Cristianismo, em sua feição clara e simples.

Salientando, pois, neste volume, precioso esforço de síntese no alívio aos obsessos, através dos colaboradores de todas as condições, rogamos ao Senhor nos sustente a todos — tarefeiros encarnados e desencarnados — na obra a realizar, porqüanto obsidiados e obsessores, consciente ou inconscientemente arrojados à desorientação, no mundo ou além do mundo, são irmãos que nos pedem arrimo, companheiros que nos integram a família terrestre, e o amparo à família não é ministério que devamos relegar para a esfera dos anjos e sim obrigação intransferível que nos compete abraçar por serviço nosso.

EMMANUEL

Uberaba, 2 de janeiro de 1964

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)

DESOBSESSÃO

        Terapêuticas diversas merecem estudos para a supressão dos males que flagelam a Humanidade. Antibióticos atacam processos de infecção, institutos especializados examinam a. patologia do câncer, a cirurgia atinge o coração para sanar o defeito cardíaco e a vacina constitui defesa para milhões. Ao lado, porém, das enfermidades que supliciam o corpo, encontramos, aqui e além, as calamidades da obsessão que desequilibram a mente.

        Para lá das teias fisiológicas que entretecem o carro orgânico de que se vale o Espírito para o estágio educativo no mundo, é possível identificar os quadros obscuros de semelhantes desastres, nos quais as forças magnéticas desajustadas pelo pensamento em desgoverno assimilam forças magnéticas do mesmo teor, estabelecendo a alienação mental, que vai do tique à loucura, escalando por fobias e moléstias-fantasmas. Vemo-los instalados em todas as classes, desde aquelas em que se situam as pessoas providas de elevados recursos da inteligência àquelas outras onde respiram companheiros carecentes das primeiras noções do alfabeto, desbordando, muita vez, na tragédia passional que ocupa a atenção da imprensa ou na insânia conduzida ao hospício. Isso tudo, sem relacionarmos os problemas da depressão, os desvarios sexuais, as sindromes de angústias e as desarmonias domésticas.

Espíritos desencarnados e encarnados de condição enfermiça sintonizam-se uns com os outros, criando prejuízos e perturbações naqueles que lhes sofrem a influência vampirizadora, lembrando vegetais nobres que parasitos arrasam, depois de solapar-lhes todas as resistências.

Refletindo nisso e diligenciando cooperar na medicação a esses males de sintomatologia imprecisa, imaginamos a organização deste livro (1), dedicado a todos os companheiros que se interessam pelo socorro aos obsidiados — livro que se caracteriza por absoluta simplicidade na exposição dos assuntos indispensáveis à constituição e sustentação dos grupos espíritas devotados à obra libertadora e curativa da desobsessão. Livro que possa servir aos recintos consagrados a esse mister, estejam eles nos derradeiros recantos das zonas rurais ou nos edifícios das grandes cidades, cartilha de trabalho em que as imagens (2) auxiliem o entendimento da explicação escrita, a fim de que os obreiros da Doutrina

(1) O Espírito André Luiz convidou os médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier a psicografarem com ele o presente volume, responsabilizando-se ambos pelos capítulos de nümeros ímpares e pares, respectivamente.

(2)       As fotografias que ilustram este volume representam gentileza dos companheiros de ideal e pertencem aos arquivos da Exposição Espírita Permanente da CENTRO ESPÍRITA C., de Uberaba, Minas.

Espírita atendam à desobsessão, consoante os princípios concatenados por Allan Kardec.

Nenhuma instituição de Espiritismo pode, a rigor, desinteressar-se desse trabalho imprescindível à higiene, harmonia, amparo ou restauração da mente humana, traçando esclarecimento justo, seja aos desencarnados sofredores, seja aos encarnados desprovidos de educação íntima que lhes sofram a atuação deprimente, conquanto, às vezes, involuntária.

Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiritual que lhe rondam as portas, para defesa e conservação de si mesma.

Oferecemos, desse modo, estas páginas despretensiosas aos que sintam suficiente amor pelos que jazem transviados nas trevas das ilusões e paixões em que se consomem, circunscritos aos marcos estreitos da ignorância, na Terra e além da Terra, nos tormentos e desvarios do “eu”. E entregando-as aos amigos que nos possam acolher o desejo de acertar e avaliar conosco a extensão e a gravidade do problema, recordemos, reconhecidamente, junto de todos eles, que o Espiritismo é o Cristianismo Restaurado e que o pioneiro número um da desobsessão, esclarecendo Espíritos infelizes e curando obsidiados de todas as condições, foi exatamente Jesus.

ANDRE LUIZ

Uberaba, 2 de janeiro de 1964

(Página recebida pelo médium Waldo Vieira.)

1

PREPARO PARA A REUNIÃO: DESPERTAR 

          No dia marcado para as tarefas de desobsessão, os integrantes da equipe precisam, a rigor, cultivar atitude mental digna, desde cedo.

          Ao despertar pela manhã, o dirigente, os assessores da orientação, os médiuns incorporadores, os companheiros da sustentação ou mesmo aqueles que serão visitas ocasionais no grupo, devem elevar o nível do pensamento, seja orando ou acolhendo idéias de natureza superior.

          Intenções e palavras puras, atitudes e ações limpas.

          Evitar deliberadamente rusgas e discussões, sustentando paciência e serenidade, acima de quaisquer transtornos que sobrevenham durante o dia.

          Trata-se de preparação adequada a assunto grave: a assistência a desencarnados menos felizes, com a supervisão de instrutores da Vida Espiritual.

          Imaginem-se os companheiros no lugar dos Espíritos necessitados de socorro e compreenderão a responsabilidade que assumem.

          Cada componente do conjunto é peça importante no mecanismo do serviço. Todo o grupo é instrumentação.

 2

PREPARO PARA A REUNIÃO: ALIMENTAÇÃO

           A alimentação, durante as horas que precedem o serviço de intercâmbio espiritual, será leve.

          Nada de empanturrar-se o companheiro com viandas desnecessárias.

          Estômago cheio, cérebro inábil.

          A digestão laboriosa consome grande parcela de energia, impedindo a função mais clara e mais ampla do pensamento, que exige segurança e leveza para exprimir-se nas atividades da desobsessão.

          Aconselháveis os pratos ligeiros e as quantidades mínimas, crendo-nos dispensados de qualquer anotação em torno da impropriedade do álcool, acrescendo observar que os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião, quando não lhes seja possível a abstenção total, compreendendo-se que a posição ideal será sempre a do participante dos trabalhos que transpõe a porta do templo sem quaisquer problemas alusivos à digestão.

 3

PREPARO PARA A REUNIÃO: REPOUSO FÍSICO E MENTAL

           Após o trabalho, seja ele profissional ou doméstico, braçal ou mental, faça o seareiro da desobsessão o horário possível de refazimento do corpo e da alma.

          Repouso externo e interno.

          Relaxe, com ideações edificantes.

          Abstenção de pensamentos impróprios.

          Aspirações para cima.

          Distância de preocupações inferiores.

          Preparação íntima, podendo incluir leitura moralizadora e salutar.

          Formação de ambiente particular respeitável, de cujos agentes espirituais, enobrecidos e puros, se valham os instrutores para a composição dos recursos de alívio e esclarecimento aos irmãos que, desenfaixados da veste física, ainda sofrem.

          Os responsáveis pelas tarefas da desobsessão devem compreender que as comunicações reclamam espontaneidade e que o preparo a que nos referimos é de ordem geral, sem a fixação da mente em exigências ou gratificações de sentimento pessoal.

 4

PREPARO PARA A REUNIÃO: PRECE E MEDITAÇÃO

          Pelo menos durante alguns minutos, horas antes dos trabalhos, seja qual for a posição que ocupe no conjunto, dedique-se o companheiro de serviço à prece e à meditação em seu próprio lar.

          Ligue as tomadas do pensamento para o Alto.

          Retire-se, em espírito, das vulgaridades do terra-a-terra, e ore, buscando a inspiração da

          Vida Maior.

          Reflita que, em breve tempo, estará em contacto, embora ligeiro, com os irmãos domiciliados no Mundo Espiritual, para onde irá igualmente, um dia, e antecipe o cultivo da simpatia e do respeito, da compaixão produtiva e da bondade operosa para com todos aqueles que perderam o corpo físico sem a desejada maturação espiritual.

          Dessa forma, estará caminhando para a colaboração digna com os benfeitores desencarnados que são os legítimos ministradores do bem.

5

SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CHUVA

          Hora de sair para a reunião.

          Necessário vencer os percalços que o tempo é capaz de oferecer.

          Não raro, é a promessa de aguaceiro iminente ou a ventania forte, comparecendo por empecilhos habituais.

          Chuva ou frio...

          O integrante da equipe não se prenderá em casa por semelhantes obstáculos.

          Conservará, sempre à mão, o agasalho preciso e enfrentará quaisquer desafios naturais, consciente das obrigações que lhe competem.

6

SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: VISITAS

          Na lista dos impedimentos naturais, um existe dos mais freqüentes: a visita inesperada.

          Compreende-se o constrangimento dos companheiros já prestes a sair de casa para o serviço espiritual.

          Em alguns casos, é um parente necessitando de palavras amigas; de outros, um companheiro reclamando atenção.

          Que isso não seja tomado à conta de óbice insuperável.

          O tarefeiro da desobsessão esclarecerá o assunto delicadamente, empregando franqueza e humildade, sem esconder o móvel da ausência a que se vê compelido, cumprindo, assim, não apenas o dever que lhe assiste, como também despertando simpatia nos circunstantes e assegurando a si mesmo o necessário apoio vibratório.

7

SUPERAÇÃO DE IMPEDIMENTOS: CONTRATEMPOS

          Na série de obstáculos que, em muitas ocasiões, parecem inteligentemente determinados a lhe entravarem o passo, repontam os mais imprevistos contratempos à frente do servidor da desobsessão.

          Uma criança cai, explodindo em choro...

          Desaparece a chave de uma porta...

          Um recado chega, de improviso, suscitando preocupações...

          Alguém chama para solicitar um favor...

          Certo familiar se queixa de dores súbitas...

          Colapso do sistema de condução...

          Dificuldades de trânsito...

          O colaborador do serviço de socorro aos desencarnados sofredores não pode hesitar. Providencie, de imediato, as soluções razoáveis para esses pequeninos problemas e siga ao encontro das obrigações espirituais que o aguardam, lembrando-se de que mesmo as festas de natureza familiar, quais sejam as comemorações de aniversário ou os júbilos por determinados eventos domésticos, não devem ser categorizados àconta de obstrução.

8

IMPEDIMENTO NATURAL

          Circunstâncias existem que pesam na balança do trabalho por obstáculos naturais.

          Uma viagem inesperada, por exemplo.

          Pode acontecer que a obrigação profissional assim o exija.

          Noutros casos, a moléstia grave comparece em casa ou na pessoa do próprio cooperador, obstando-lhe o comparecimento à reunião.

          Temos ainda a considerar o impedimento por enfermidades epidêmicas, qual a gripe, e, em nossas irmãs, é razoável aceitar como motivos justos de ausência os cuidados decorrentes da gravidez e os embaraços periódicos característicos da organização feminil.

          Surgindo o impasse, é importante que o companheiro ou a companheira se comunique, rápido, com os responsáveis pela sessão, atentos a que se deve assegurar a harmonia do esforço de equipe tanto quanto possível.

9

TEMPLO ESPÍRITA

          À medida que se nos aclara o entendimento, nas realizações de caráter mediúnico, percebemos que as lides da desobsessão pedem o ambiente do templo espírita para se efetivarem com segurança.

          Para compreender isso, recordemos que, se muitos doentes conseguem recuperar a saúde no clima doméstico, muitos outros reclamam o hospital.

          Se no lar dispomos de agentes empíricos a benefício dos enfermos, numa casa de saúde encontramos toda uma coleção de instrumentos selecionados para a assistência pronta.

          No templo espírita, os instrutores desencarnados conseguem localizar recursos avançados do plano espiritual para o socorro a obsidiados e obsessores, razão por que, tanto quanto nos seja possível, é aí, entre as paredes respeitáveis da nossa escola de fé viva, que nos cabe situar o ministério da desobsessão. Razoável, ainda, observar que os servidores de semelhante realização não podem assumir, sem prejuízo, compromissos para outras atividades medianímicas, antes ou depois do trabalho em que se comprometem a benefício dos sofredores desencarnados.

10

RECINTO DAS REUNIÕES

O recinto das reuniões pede limpeza e simplicidade.

A mesa, com alguns dos livros básicos da Doutrina Espírita, de preferência «O Livro dos Espíritos», «O Evangelho segundo o Espiritismo» e um volume que desenvolva o pensamento kardequiano, conjugado aos ensinamentos do Cristo, estará cercada pelas cadeiras devidas ao número exato dos componentes da reunião, apresentando-se despida de toalhas, ornamentos, recipientes de água e objetos outros.

Em seguida à fila dos assentos, colocar-se-ápequena acomodação, seja um simples banco ou algumas cadeiras para visitas eventuais.

Um relógio será colocado à vista ou à mão, seja numa parede, no bolso ou no pulso do dirigente, para que o horário e a disciplina estabelecida não sofram distorções, e o aparelho para a gravação de vozes, na hipótese de existir no aposento, não deverá perturbar o bom andamento das tarefas e será colocado em lugar designado pelo orientador dos trabalhos.

11

CHEGADA DOS COMPANHEIROS

          Os benfeitores espirituais de plantão, na obra assistencial aos irmãos desencarnados sofredores, esperam sempre que os integrantes da equipe alcancem o recinto de serviço em posição respeitosa.

          Nada de vozerio, tumulto, gritos, gargalhadas.

          Lembrem-se os companheiros encarnados de que se aproximam de enfermos reunidos, como num hospital, credores de atenção e carinho.

          A obra de socorro está prestes a começar.

          Necessário inclinar o sentimento ao silêncio e à compaixão, à bondade e à elevação de vistas, a fim de que o conjunto possa funcionar em harmonia na construção do bem.

12

CONVERSAÇÃO ANTERIOR Á REUNIÃO

          Há sempre margem a conversações no recinto para os que chegam mais cedo, cabendo aos seareiros do conjunto evitar a dispersão de forças em visitas, mesmo rápidas, mas impróprias, a locais vizinhos, sejam casas particulares ou restaurantes públicos.

          Compreensível rogar aos colaboradores da tarefa a total abstenção de temas contrários à dignidade do trabalho que vão desempenhar.

          Evitem-se os anedotários jocosos, as considerações injuriosas a quem quer que seja.

          Esqueçam-se críticas, comentários escandalosos, queixas, azedumes, apontamentos irônicos.

          Toda referência verbal é fator de indução.

          Se somos impelidos a conversar, durante os momentos que precedem a atividade assistencial, seja a nossa palestra algo de bom e edificante que auxilie e pacifique o clima do recinto, ao invés de conturbá-lo.

13

DIRIGENTE

          O dirigente das tarefas de desobsessão não pode esquecer que a Espiritualidade Superior espera nele o apoio fundamental da obra.

          Direção e discernimento. Bondade e energia.

          Certo, não se lhe exigirão qualidades superiores à do homem comum; no entanto, o orientador da assistência aos desencarnados sofredores precisa compreender que as suas funções, diante dos médiuns e freqüentadores do grupo, são semelhantes às de um pai de família, no instituto doméstico.

          Autoridade fundamentada no exemplo.

          Hábito de estudo e oração.

          Dignidade e respeito para com todos. Afeição sem privilégios.

          Brandura e firmeza.

          Sinceridade e entendimento.

          Conversação construtiva.

          Para manter-se na altura moral necessária o diretor dispensarà a todos os componentes de conjunto a atenção e o carinho idênticos àqueles que um professor reto e nobre cultiva perante os alunos, e, como se erguerá, perante os instrutores Espirituais, na posição de médium es clarecedor mais responsável, designará dois três companheiros, sob a orientação dele próprio a fim de que se lhe façam assessores em serviço e o substituam nos impedimentos justificados.

14

PONTUALIDADE

          Pontualidade — tema essencial no quotidiano, disciplina da vida.

          Administrações não respeitam funcionários relapsos.

          Em casa, estimamos nos familiares os compromissos em dia, os deveres executados com exatidão.

          Habitualmente não falhamos no horário marcado pelas personalidades importantes do mundo, a fim de corresponder-lhes ao apreço.

          A entrevista com um industrial...

          A fala com um Ministro de Estado...

          Nas lides da desobsessão, é forçoso entender que benfeitores espirituais e amigos outros desencarnados se deslocam de obrigações graves da Vida Superior, a fim de assistir-nos e socorrer-nos.

          Pontualidade é sempre dever, mas na desobsessão assume caráter solene.

          Não haja falha de serviço por nossa causa. Não se pode esquecer que o fracasso, na maioria das vezes, é o produto infeliz dos retardatários e dos ausentes.

          A hora de início das tarefas precisa mostrar-se austera, entendendo-se que o instante do encerramento é variável na pauta das circunstâncias.

          Aconselhável se feche disciplinarmente a porta de entrada, 15 minutos antes do horário marcado para a abertura da reunião, tempo esse que será empregado na leitura preparatória.

15

MOBILIÁRIO PARA OS TRABALHOS

          O mobiliário no recinto dedicado à desobsessão não apenas necessita estar escoimado de objetos e apetrechos que recordem rituais e amuletos, simbolos e ídolos de qualquer espécie, mas também deve ser integrado por peças simples e resistentes.

          A mesa deve ser sólida e as cadeiras talhadas em madeira, lembrando, sem adornos desnecessários, a austeridade de uma família respeitável.

          Se tivermos de acrescentar algo, aditemos dois bancos, igualmente de madeira, para visitas casuais ou para o socorro magnético a esse ou àquele companheiro do grupo quando necessite de passe, a distância do circulo formado em comunhão de pensamento.

          Evitarmos tapetes, jarros, telas e enfeites outros, porqüanto o recinto é consagrado, além de tudo, ao alívio de Espíritos sofredores ou alienados mentais autênticos, necessitados de ambiente limpo e simples, capaz de auxiliâ-los a esquecer ilusões ou experiências menos felizes vividas na Terra.

16

CADEIRAS

          As cadeiras para a reunião merecem apontamentos particulares.

          Evite-se o uso de poltronas que sugiram a sesta, como também o emprego de móveis desprovidos de qualquer anteparo, à feição de tamboretes que imponham desconforto.

          Utilizemo-nos de cadeiras, pesadas na constituição, para frustrar os impulsos de queda ou de agitação excessiva, habituais nos médiuns em transe, mas construídas em estilo singelo, com o espaldar amplo e alto que suporte com firmeza os seareiros empenhados no socorro espiritual aos irmãos perturbados, além do plano físico.

         Evitem-se as cadeiras desconjuntadas ou rangedoras que só ruídos desnecessários e perturbações outras provocam no ambiente.

17

ILUMINAÇÃO

          A iluminação no recinto será, sem dúvida, aquela de potencialidade normal, na fase preparatória das tarefas, favorecendo vistorias e leituras.

          Contudo, antes da prece inicial, o dirigente da reunião graduará a luz no recinto, fixando-a em uma ou duas lâmpadas, preferivelmente vermelhas, de capacidade fraca, 15 watts, por exemplo, de vez que a projeção de raios demasiado intensos sobre o conjunto prejudica a formação de medidas socorristas, mentalizadas e dirigidas pelos instrutores espirituais, diretamente responsáveis pelo serviço assistencial em andamento, com apoio nos recursos medianímicos da equipe.

          As lâmpadas devem ser situadas a distância da mesa dos trabalhos para se evitarem acidentes.

          Nas localidades não favorecidas pela energia elétrica, o orientador da reunião diminuirá no recinto o teor da luz empregada.

18

ISOLAMENTO HOSPITALAR

          A desobsessão abrange em si obra hospitalar das mais sérias.

          Compreenda-se que o espaço a ela destinado, entre quatro paredes, guarda a importância de uma enfermaria, com recursos adjacentes da Espiritualidade Maior para tratamento e socorro das mentes desencarnadas, ainda conturbadas ou infelizes.

          Arrede-se da desobsessão qualquer sentido de curiosidade intempestiva ou de formação espetaculosa.

          Coloquemo-nos no lugar dos desencarnados em desequilíbrio e entenderemos, de pronto, a inoportunidade da presença de qualquer pessoa estranha a obra assistencial dessa natureza.

          O amparo e o esclarecimento aos Espíritos dementados ou sofredores é serviço para quem possa compreendê-los e amá-los, respeitando-lhes a dor.

          Daí nasce o impositivo de absoluto isolamento hospitalar para o recinto dedicado a semelhantes serviços de socorro e esclarecimento, entendendo-se, desse modo, que a desobsessão, tanto quanto possível, deve ser praticada de preferência no templo espírita, ao invés de ambientes outros, de caráter particular.

          Nesse sentido, é importante que os obreiros da desobsessão, notadamente os médiuns psicofônicos e os médiuns esclarecedores, visitem os hospitais e casas destinadas à segregação de determinados enfermos, para compreenderem com segurança o imperativo de respeitosa cautela no trato com os Espíritos revoltados e desditosos.

19

APARELHOS ELÉTRICOS

          Os aparelhos elétricos, no recinto, quando a desobsessão seja efetuada em lugar capaz de utilizá-los, devem ser restritos a uma lanterna elétrica, destinada a serventia eventual, e, quando seja possível, a um aparelho para gravação de vozes das entidades, notadamente aquelas que se caracterizam por manifestações construtivas, para que se lhes fixem os ensinos ou experiências com objetivo de estudo.

          Repitamos que o grupo apenas usará o aparelho para gravação de vozes, quando semelhante medida esteja em suas possibilidades, sem que isso seja fator essencial e inadiável à realização do programa em pauta.

          O dirigente da reunião ou o companheiro indicado para o manejo desses engenhos precisa, porém, estar atento, verificando-lhes o estado e o funcionamento, antes das atividades da equipe, prevenindo quaisquer necessidades, de maneira a evitar aborrecimentos e atropelos de última hora.

20

COMPONENTES DA REUNIÃO

          Os componentes da reunião, que nunca excederão o número de quatorze, conservem, acima de tudo, elevação de pensamentos e correção de atitudes, antes, durante e depois de cada tarefa.

          Nenhuma preocupação com paramentos ou vestes especiais.

          Compenetrem-se de que se acham no recinto exercendo fraternalmente um mandato de confiança.

          Na Doutrina Espírita não há lugar para fé cega. Evitem-se, no entanto, no ambiente da desobsessão, pesquisas ociosas e vãs indagações, críticas e expectações insensatas.

          Todos os componentes da equipe assumirão funções específicas. Num grupo de 14 integrantes, por exemplo, trabalharão 2 a 4 médiuns esclarecedores; 2 a 4 médiuns passistas e 4 a 6 médiuns psicofônicos.

          Os médiuns esclarecedores e passistas, além dos deveres específicos que se lhes assinala, servirão, ainda, na condição de elementos positivos de proteção e segurança para os médiuns psicofônicos, sempre que estes forem mobilizados em serviço. Imprescindível reconhecer que todos os participantes do conjunto são equiparáveis a pilhas fluídicas ou lâmpadas, que estarão sensibilizadas ou não para os efeitos da energia ou da luz que se lhes pede em auxílio dos que jazem na sombra de espírito. Daí o imperativo do teor vibratório elevado nos componentes da reunião, a fim de que os doentes da alma se reaqueçam para o retorno ao equilíbrio e ao discernimento.

          Os componentes encarnados da reunião não se rendam ao sono nas tarefas dedicadas à desobsessão, para se evitarem desdobramentos desnecessários da personalidade, cabendo-nos salientar igualmente que nas reallzações dessa natureza não devem comparecer quaisquer outras demonstrações ou experiências de mediunidade.

21

VISITANTES

          O serviço de desobsessão não é um departamento de trabalho para cortesias sociais que, embora respeitáveis, não se compadecem com a enfermagem espiritual a ser desenvolvida, a benefício de irmãos desencarnados que amargas dificuldades atormentam.

          Ainda assim, há casos em que companheiros da construção espírita-cristã, quando solicitem permissão para isso, podem ter acesso ao serviço, em caráter de observação construtiva; entretanto, é forçoso preservar o cuidado de não acolhê-los em grande número para que o clima vibratório da reunião não venha a sofrer mudanças inoportunas.

          Essas visitas, no entanto, devem ser recebidas apenas de raro em raro, e em circunstâncias realmente aceitáveis no plano dos trabalhos de desobsessão, principalmente quando objetivem a fundação de atividades congêneres. E antes da admissão necessária é imperioso que os mentores espirituais do grupo sejam previamente consultados, por respeito justo às responsabilidades que abraçam, em favor da equipe, muito embora saibamos que a orientação das atividades espíritas vigora na própria Doutrina Espírita e não no arbítrio dos amigos desencarnados, mesmo aqueles que testemunhem elevada condição.

          Compreende-se que os visitantes não necessitem de comparecimento que exceda de 3 a 4 reuniões.

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AUSÊNCIA JUSTIFICADA

          Freqüentemente, surge o caso da impossibilidade absoluta de comparecimento desse ou daquele companheiro às atividades predeterminadas.

          Uma viagem rigorosamente inadiável...

          Um problema caseiro de grave expressão...

          Exigência profissional inopinada...

          Enfermidade súbita...

          Que o amigo numa situação assim não olvide o compromisso em que se acha incurso na obra de desobsessão e expeça um aviso direto, sempre que possível com antecedência mesmo de horas ou minutos, ao dirigente da reunião, justificando a ausência, para evitar indisciplinas que ocorrerão fatalmente, no campo mental do grupo, através de apreensões e considerações descabidas.

          De qualquer modo, ainda mesmo com número reduzido de participantes, a reunião pode ser efetuada.

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CHEGADA INESPERADA DE DOENTE

          Em algumas ocasiões aparece um problema súbito: a chegada de enfermos ou de obsidiados sem aviso prévio, sejam adultos ou crianças.

          Necessário que o discernimento do conjunto funcione, ativo.

          Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompanhantes podem ser admitidos por momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação para que se dirijam a órgãos de assistência ou doutrinação competentes, trabalho esse que será executado pelos componentes que o diretor da reunião designará.

          Findo o socorro breve, retirar-se-ão do recinto.

          Nesses casos se enquadram igualmente os obsessos apenas influenciados ou fixados em fase inicial de perturbação, para os quais o contacto com os comunicantes, menos felizes ou francamente conturbados, sem a devida preparação, é sempre inconveniente ou prejudicial, pela suscetibilidade e pelas sugestões negativas que apresentam na semilucidez em que se encontram.

          Diante, porém, dos processos da obsessão indiscutivelmente instalada, o grupo deve e pode acolher o obsidiado e seus acompanhantes, acomodando-os no banco ou nas cadeiras, colocados à retaguarda, onde receberão a assistência precisa.

24

MÉDIUNS ESCLARECEDORES

          Na equipe em serviço, os médiuns esclarecedores, mantidos sob a condução e inspiração dos Benfeitores Espirituais, são os orientadores da enfermagem ou da assistêncià aos sofredores desencarnados. Constituídos pelo dirigente do grupo e seus assessores, são eles que os instrutores da Vida Maior utilizam em sentido direto para o ensinamento ou o socorro necessários.

          Naturalmente que a esses companheiros compete um dos setores mais importantes da reunião.

          Vejamos alguns dos itens do trabalho fundamental que se lhes assinala:

          1. Guardarem atenção no campo intuitivo, a fim de registrarem, com segurança, as sugestões e os pensamentos dos benfeitores espirituais que comandam as reuniões;

          2. Tocar no corpo do médium em transe somente quando necessário;

          3. Estudar os casos de obsessão, surgidos na equipe de médiuns psicofônicos, que devam ser tratados na órbita da psiquiatria, a fim de que a assistência médica seja tomada na medida aconselhável;

          4. Cultivar o tato psicológico, evitando atitudes ou palavras violentas, mas fugindo da doçura sistemática que anestesia a mente sem renová-la, na convicção de que é preciso aliar raciocínio e sentimento, compaixão e lógica, a fim de que a aplicação do socorro verbalista alcance o máximo rendimento;

          5. Impedir a presença de crianças nas tarefas da desobsessão.

          Outros aspectos de suas funções são lembrados nos capítulos 13 e 32 a 37.

25

EQUIPE MEDIÚNICA: PSICOFÔNICOS

          Na obra da desobsessão, os médiuns psicofônicos são aqueles chamados a emprestar recursos fisiológicos aos sofredores desencarnados para que estes sejam socorridos. Deles se pede atitude de fé positiva, baseada na certeza de que a Espiritualidade Superior lhes acompanha o trabalho em moldes de zelo e supervisão. Compreendendo que ninguém é chamado por acaso a tarefa de tamanha envergadura moral, verificarão facilmente que, da passividade construtiva que demonstrem, depende o êxito da empreitada de luz e libertação em que foram admitidos.

          Atentos à função especial de colaboradores e medianeiros em que se acham situados, é justo se lhes rogue o cuidado para alguns pontos julgados essenciais ao êxito e à segurança da atividade que se lhes atribui: 1 — desenvolvimento da autocrítica; 2 — aceitação dos próprios erros, em trabalho medianímico, para que se lhes apure a capacidade de transmissão; 3 —reconhecimento de que o médium é o responsável pela comunicação que transmite; 4 — abstenção de melindres ante apontamentos dos esclarecedores ou dos companheiros, aproveitando observações e avisos para melhorar-se em serviço; 5 — fixação num só grupo, evitando as inconveniências do compromisso de desobsessão em várias equipes ao mesmo tempo; 6 — domínio completo sobre si próprio, para aceitar ou não a influência dos Espíritos desencarnados, inclusive reprimir todas as expressões e palavras obscenas ou injuriosas, que essa ou aquela entidade queira pronunciar por seu intermédio; 7 — interesse real na melhoria das próprias condições de sentimento e cultura; 8 — defesa permanente contra bajulações e elogios, conquanto saiba agradecer o estímulo e a amizade de quantos lhes incentivem o coração ao cumprimento do dever; 9 — discernimento natural da qualidade dos Espíritos que lhes procurem as faculdades, seja pelas impressões de presença, linguagem, eflúvios magnéticos, seja pela conduta geral; 10 — uso do vestuário que lhes seja mais cômodo para a tarefa, alijando, porém, os objetos que costumem trazer jungidos ao corpo, como sejam relógios, canetas, óculos e jóias.

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EQUIPE MEDIÚNICA: PASSISTAS

          Entre os seareiros do bem que integram o conjunto, destaca-se, como sendo de particular valimento, a colaboração dos médiuns passistas, que permanecerão atentos ao concurso eventual que se lhes peça, no transcurso da reunião.

          Diligência e devotamento.

          Vigilância e espontaneidade.

          Agora é um problema que irrompe entre os próprios colegas de atividade; em seguida, um que outro médium psicofônico possivelmente caído em exaustão; depois, o pedido de auxílio para esse ou aquele dos assistentes a lhes solicitarem concurso, e, por fim, a assistência de rotina, na fase terminal do trabalho.

          Os medianeiros do passe traçarão a si mesmos as disciplinas aconselháveis em matéria de alimentação e adestramento, a fim de corresponderem plenamente ao trabalho organizado para o grupo em sua edificação assistencial, entendendo-se que os médiuns esclarecedores, se necessário, acumularão também as funções de médiuns passistas, mas não a de psicofônicos, de modo a não se deixarem influenciar por Espíritos enfermos.

27

LIVROS PARA LEITURA

          Os livros para leitura preparatória no grupo serão, de preferência:

          1. «O Evangelho segundo o Espiritismo».

          2. «O Livro dos Espíritos».

          3. Uma obra subsidiária que comente os princípios kardequianos à luz dos ensinamentos do Cristo.

          Bastarão esses recursos, porqüanto neles sintonizar-se-ão os assistentes no mesmo padrão de pensamento, em torno dos temas vitais do Espiritismo Cristão, compondo clima vibratório adequado ao trabalho em mira.

          «O Livro dos Médiuns» e obras técnicas correlatas não devem ser lidos nas reuniões de desobsessão, mas sim em oportunidades adequadas, referidas nos capítulos 66 e 72.

28

LEITURA PREPARATÓRIA

          A leitura preparatória, que não ultrapassará o tempo-limite de 15 minutos, constituir-se-á, preferentemente, de um dos itens de «O Evangelho segundo o Espiritismo», seguindo-se-lhe uma das questões de «O Livro dos Espíritos», com um trecho de um dos livros de comentários evangélicos, em torno da obra de Allan Kardec.

          Efetuada a leitura, o dirigente retirará os livros de sobre a mesa, situando-os em lugar próprio.

          O contacto com o ensino espírita, antes do intercâmbio com os irmãos desencarnados, ainda sofredores, dispõe o ambiente à edificação moral, favorecendo a integração vibratória do grupo para o socorro fraterno a ser desenvolvido.

          O conjunto evitará entretecer comentários ao redor dos temas expostos, atento que precisa estar em uníssono, à recepção das entidades enfermas em expectativa, quase sempre aguardando alívio com angustiosa ansiedade.

          Repitamos, assim: o dirigente providenciará a leitura, aproximadamente quinze minutos antes do momento marcado para o início do intercâmbio, pronunciando a prece de abertura, depois de lida a página última, com o que se iniciarão, para logo, as tarefas programadas.

29

PRECE INICIAL

          Sobrevindo o momento exato em que a reunião terá começo, o orientador diminuirá o teor da iluminação e tomará a palavra, formulando a prece inicial.

          Cogitará, porém, de ser preciso, não se alongando além de dois minutos.

          Há quem prefira a oração decorada; todavia, é aconselhável que o dirigente ore com suas próprias palavras, envolvendo a equipe nos sentimentos que lhe fluem da alma.

          A prece, nessas circunstâncias, pede o mínimo de tempo, de vez que há entidades em agoniada espera de socorro, à feição do doente desesperado, reclamando medicação substancial. Em diversas circunstâncias, acham-se ligadas desde muitas horas antes à mente do médium psicofônico, alterando-lhe o psiquismo e até mesmo a vida orgânica, motivo pelo qual o socorro direto não deve sofrer dilação.

30

MANIFESTAÇÃO INICIAL DO MENTOR

          Feita a oração inicial, o dirigente e a equipe mediúnica esperarão que o mentor espiritual do grupo se manifeste pelo médium psicofônico indicado.

          Essa medida é necessária, porqüanto existem situações e problemas, estritamente relacionados com a ordem doutrinária do serviço, apenas visíveis a ele, e o amigo espiritual, na condição de condutor do agrupamento, perante a Vida Maior, precisará dirigir-se ao conjunto, lembrando minudências e respondendo a alguma consulta ocasional que o dirigente lhe queira fazer, transmitindo algum aviso ou propondo determinadas medidas.

          Esse entendimento, no limiar do programa de trabalho a executar-se, é indispensável à harmonização dos agentes e fatores de serviço, ainda mesmo que o mentor se utilize do medianeiro tão-só para uma simples oração que, evidentemente, significará tranqüilidade em todos os setores da instrumentação.

31

CONSULTAS AO MENTOR

          Começada a reunião, o dirigente, por vezes, tem necessidade de ouvir o mentor espiritual para o exame de assuntos determinados.

          Freqüentemente, é um amigo que deseja acesso à reunião e que não pode ser acolhido sem a consulta necessária; de outras, é a localização mais aconselhável para as visitas que venham a ocorrer, é a ministração de socorro medicamentoso ou magnético a esse ou àquele companheiro que se mostre subitamente necessitado de assistência, é a pergunta inevitável e justa em derredor de problemas que sobrevenham no mecanismo da equipe, ou o pedido de cooperação em casos imprevisíveis.

          Nessas circunstâncias, o dirigente esperará que o mentor finalize a pequena instrução de início, através do médium responsável, e formulará as indagações que considere inevitáveis e oportunas.

32

MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (1)

          As manifestações de enfermos espirituais irão até o limite de uma hora a uma hora e meia, na totalidade delas, para que a reunião perdure no máximo por duas horas, excluída a leitura inicial.

          O Espírito desencarnado em condição de desequilíbrio e sofrimento utiliza o médium psicofônico (ou mais propriamente, o médium de incorporação), com as deficiências e angústias de que é portador, exigindo a conjugação de bondade e segurança, humildade e vigilância no companheiro que lhe dirige a palavra.

          Natural venhamos a compreender no visitante dessa qualidade um doente, para quem cada frase precisa ser medicamento e bálsamo. Claro que não será possível concordar com todas as exigências que formule; no entanto, não é justo reclamar-lhe entendimento normal de que se acha ainda talvez longe de possuir.

          Entendamos cada Espírito sofredor qual se nos fosse um familiar extremamente querido, e acertaremos com a porta íntima, através da qual lhe falaremos ao coração.

          Neste e nos próximos capítulos são indicadas algumas atitudes naturais dos médiuns psicofônicos em transe.

33

MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (2)

          Os médiuns esclarecedores, pelo que ouçam do manifestante necessitado, deduzam qual o sexo a que ele tenha pertencido, para que a conversação elucidativa se efetue na linha psicológica ideal; analisem, sem espírito de censura ou de escândalo, os problemas de animismo ou mistificação inconsciente que porventura venham a surgir, realizando o possível para esclarecer, com paciência e caridade, os médiuns e os desencarnados envolvidos nesses processos de manifestações obscuras, agindo na equipe com o senso de quem retira criteriosamente um desajuste do corpo sem comprometer as demais peças orgânicas; anulem qualquer intento de discussão ou desafio com entidades comunicantes, dando mesmo razão, algumas vezes, aos Espíritos infelizes e obsessores, reconhecendo que nem sempre a desobsessão real consiste em desfazer o processo obsessivo, de imediato, de vez que, em casos diversos, a separação de obsidiado e obsessor deve ser praticada lentamente; e pratiquem a hipnose construtiva, quando necessário, no ânimo dos Espíritos sofredores comunicantes, quer usando a sonoterapia para entregá-los à direção e ao tratamento dos instrutores espirituais presentes, efetuando a projeção de quadros mentais proveitosos ao esclarecimento, improvisando idéias providenciais do ponto de vista de reeducação, quer sugerindo a produção e ministração de medicamentos ou recursos de contenção em favor dos desencarnados que se mostrem menos acessíveis à enfermagem do grupo.

34

MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (3)

          No curso do trabalho mediúnico, os esclarecedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados presentes, repetindo ordens e sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade, fator essencial ao êxito do intercâmbio.

          Os esclarecedores permitirão aos Espíritos sofredores que se exprimam pelos médiuns psicofônicos tanto quanto possível, em matéria de desinibição ou desabafo, desde que a integridade dos médiuns e a dignidade do recinto sejam respeitadas, considerando, porém, que as manifestações devem obedecer às disciplinas de tempo.

          Os médiuns, sejam eles esclarecedores ou psicofônicos, sustentarão o máximo cuidado para não prejudicarem as atividades espirituais que lhes competem. Alimentando dúvidas e atitudes suspeitosas, inconciliáveis com a obra de caridade que se dispõem a prestar, muitas vezes põem a perder excelentes serviços de desobsessão, por favorecerem a intromissão de Inteligências perversas.

          Os médiuns de qualquer grupo de desobsessão, como aliás acontece a todo espírita, são chamados a honrar sempre e cada vez mais as obrigações de família e profissão, abstendo-se de todas as manifestações e atitudes suscetíveis de induzi-los a cair em profissionalismo religioso.

          Compreendam os dirigentes e seus assessores que o esclarecimento aos desencarnados sofredores é semelhante à psicoterapia e que a reunião é tratamento em grupo, cabendo-lhes, quando e quanto possível, a aplicação dos métodos evangélicos. Observando, ainda, que a parte essencial no entendimento é atingir o centro de interesse do Espírito preso a idéias fixas, para que se lhes descongestione o campo mental, devem abster-se, desse modo, de qualquer discurso ou divagação desnecessária.

35

MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (4)

          Convém observar que há médiuns psicofônicos para quem os Amigos Espirituais designam determinados tipos de manifestantes que lhes correspondam às tendências, caracteres, formação moral e cultural, especializando-lhes as possibilidades mediúnicas.

          Urge não confundir esse imperativo do trabalho de intercâmbio com o chamado animismo ou supostas mistificações inconscientes.

36

MANIFESTAÇÃO DE ENFERMO ESPIRITUAL (5)

          Os médiuns esclarecedores permanecerão atentos aos característicos dos manifestantes em desequilíbrio, de vez que entre estes se encontram, freqüentemente, sofredores que comparecem pela primeira vez, bem como os reincidentes sistemáticos, os companheiros infelizes do pretérito alusivo aos integrantes da reunião e recém-desencarnados em desorientação franca, os suicidas e homicidas, os casos de zoantropia e de loucura, os malfeitores trazidos à desobsessão para corrigendas e os irmãos tocados de exotismos por terem desencarnado recentemente em terras estrangeiras, as inteligências detidas no sarcasmo e na galhofa, os vampirizadores conscientes e inconscientes interessados na ocultação da verdade, e toda uma extensa família de Espíritos necessitados, nos vários graus de sombra e sofrimento que assinalam a escala da ignorância e da crueldade.

          Imperioso observar que todos são carece-dores de compreensão e tratamento adequados, cada qual na dor ou no problema em que se exprimem, exigindo paciência, entendimento, socorro e devotamento fraternais.

          Desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio, mas não atinge os fins a que se propõe, sem as fontes profundas do sentimento.

37

ESCLARECIMENTO



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